Léon Marie Martial Chevreuil (27 de março de 1852 – Paris, 11 de dezembro de 1939) foi um pintor, filósofo e influente escritor espírita francês, presidente da União Espírita Francesa e exemplar defensor dos princípios doutrinários estabelecidos por Allan Kardec.
Léon Chevreuil (1852-1939)
Léon Chevreuil estudou na Universidade de Poitiers e posteriormente se formou pela Escola de Belas Artes de Paris (École des Beaux-Arts) notabilizando-se pelas suas pinturas, cujo ateliê figurava-se na famosa Rua Boissonade, onde outros renomados artistas também ali se fixaram e consagraram esta via como “berçário dos pintores, escultores e escritores”. Muitos dos seus quadros eram fortemente influenciados pela temática espiritualista.
Pintura de Léon Chevreuil: "Tu ne les vois donc pas" ("Então você não os vê") - Paris, 1934
Sobre sua carreira artística, o confrade Hubert Forestier, dirigente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, assinala:
"Pintor talentoso, ele deixa uma obra valiosa e merecidamente considerada, distribuída em museus e em coleções privadas. Seu mérito, do nosso ponto de vista, foi a coragem que ele mostrou diante do ostracismo dos Jurados de Exposição, ao fazer esse grande talento servir para expressar em suas telas sua certeza na sobrevivência da alma."
Hubert Forestier, Revista Espírita - fevereiro de 1940
Absolutamente convicto da validade da revelação espírita, Chevreuil foi presidente da União Espírita Francesa e defendeu o Espiritismo dentro da mais fidedigna identidade postulada pela codificação kardequiana através de aclamados livros e brilhantes artigos publicados na Revista Espírita. Nesta posição, estava no cerne dos mais respeitados estudiosos e divulgadores espíritas de seu tempo, nos quais estavam inclusos os seus amigos especiais Jean Meyer, Ernesto Bozzano, Léon Denis e Gabriel Delanne.
Em entrevista à Revista Espírita Belga, em 1932, reluz a seguinte mensagem de Léon Chevreuil:
"Quando a humanidade estiver convencida de que o elemento psíquico — até então ignorado pela ciência oficial — é uma coisa substancial e uma realidade tão natural quanto às ondas sonoras reveladas pelo telégrafo sem fio, e que o problema de uma vida etérica entrou no reino das coisas observáveis, teremos criado uma nova mentalidade e todas as esperanças serão permitidas."
Não se Morre, Léon Chevreui – “Homenagem a um sábio”
Como escritor, destacou-se pela excelência nas argumentações filosóficas quando ao alinhar a doutrina às mais rígidas exigências da ciência. Seu livro Não se morre (On ne meurt pas), de 1916, foi premiado com o reconhecimento da Academia das Ciências de Paris em 1919. Neste livro, ele faz um arrasador apanhado de demonstrações concretas, baseadas em experimentos científicos da época, sobre a sobrevivência da alma pós-morte, desmantelando completamente qualquer ideia de materialismo.
Escreveu também O Espiritismo na Igreja (Le Spiritisme dans l’Église), de 1923, obra pela qual o filósofo Léon Chevreuil se debruça a respeito da relação entre a Igreja Católica (aplicável também às denominações semelhantes) e a Revelação Espírita, entre a mediunidade e os feitos dos santos canonizados, abordando ainda os choques doutrinários e os desvios, premeditados pelo clero, do sentido verdadeiro da religião e das potencialidades abertas pelo o encontro do Espiritismo com os religiosos, em considerando o derramamento da luz sobre as consciências.
Legou-nos ainda com O Espiritismo Incompreendido (Le Spiritisme Incompris), publicado em 1931. Aqui, diante da negação comum dos "pensadores" materialistas de seu tempo, o autor vai traçar o quadro dramático de não se compreender o Espiritismo, com suas consequências para o mundo.
Paul Bodier, seu velho amigo e confrade espírita, em homenagem póstuma, descreve certas qualidades daquele apóstolo do Espiritismo:
"Por 32 anos, conheci Léon Chevreuil e sempre o vi ativo e discreto em seu papel de propagandista, escrevendo artigos e livros que permanecerão monumentos de ciência, de bom senso e fé, de uma fé que jamais vacilou, uma fé que jamais foi negada, pois que era, acima de tudo, plena de amor, de caridade e de modéstia."
Paul Bodier, Revista Espírita – janeiro de 1940
Bodier também ressalta a lacuna deixada no movimento espírita a partir do seu retorno ao plano espiritual:
"Assim como Léon Denis e Gabriel Delanne, é uma grande perda para o espiritismo. Mas pensando que Léon Chevreuil morreu aos 87 anos, só temos o dever de saudar, com emoção, o patriarca que foi encontrar os grandes Mestres de quem fora um fiel amigo ao mesmo tempo em que o discípulo cuja atividade, sem fraqueza, continuou o admirável trabalho de seus antecessores.”
Idem
Dentre suas profundas reflexões, colhemos a citação a seguir, em tom solene, pela qual se pode ter uma breve apresentação da seriedade com que Léon Chevreuil abraçou a causa espírita:
"O Espiritismo é uma coisa séria que tem, atrás de si, um passado de longas provas e uma documentação formidável. Ele teve os seus exploradores, seus historiadores, seus exegetas e seus filósofos, ainda em pequeno número, mas que não se pôde jamais refutar. Esperamos que haja continuadores na geração que está surgindo; mas que eles se guardem de todo o entusiasmo, que eles não esqueçam que o Espiritismo abriu caminho entre espinhos."
O Espiritismo Incompreendido, Léon Chevreuil — cap. I
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